Em tom ufanista, Januária recebe 14 mil doses da Coronavac destinadas à microrregião com 25 municípios e 406 mil habitantes

O prefeito de Januária, Maurício Almeida (camisa azul), faz pose de 'pau pra toda obra' durante chegada dos isopores com a vacina anti-Covid na cidade
Com menos de 20 dias no posto, o prefeito de Januária, Maurício Almeida (PP), já mostrou que não veio para perder a foto. Almeida rumou cedo para o aeroporto de Januária e estava a postos para receber o ‘isopor’ com as 14.080 doses da vacina CoronaVac que o governo mineiro destinou para a Gerência Regional de Saúde de Januária, responsável pela gestão da saúde em 25 municípios do extremo Norte de Minas - com população estimada de 406 mil habitantes.
Almeida saiu do aeroporto de Januária direto para o encontro de logo mais com o governador Romeu Zema (Novo), que finalmente dará as caras na região. Segundo a assessoria de comunicação da Prefeitura de Januária, a decisão sobre o início da campanha de vacinação na microrregião só acontece depois do encontro com Zema, que deve reunir cerca de 30 prefeitos do Norte de Minas.
Durante o trajeteo para Montes Claros, o prefeito Maurício gravou um vídeo ao lado do motorista do carro oficial em que demonstrou esperança de trazer no porta-mala, logo mais, alguns milhões para obras em Januária.
De volta a Coronavac, as doses da vacina serão refrigeradas até o momento da distribuição para os municípios da região, prevista para começar ainda hoje - ou, no máximo, na quarta-feira. Serão imunizados (em duas doses) cerca de 7 mil moradores do extremo norte-mineiro.
Segundo a Gerência Reginal de Saúde de Januária, os 25 municípios da região têm até agora 4.406 casos confirmados para a Sars-Cov.2, com 95 óbitos registrados. O número de recuperados da doença é de 4.018 pacientes.
Na lista de prioridades estão profissionais de saúde na linha de frente de combate ao covid, idosos em instituições de longa permanência, pessoas com deficiência e a população indígena mineira.
GOTA D’ÁGUA
O leitor que se der ao trabalho de fazer uma conta de padeiro vai perceber que a vacinação no Brasil é uma gota d’água (sem trocadilho) ante um oceano de brazucas que dela depende para voltar à normalidade de suas existências.
Para a maior parte da população, o risco real é de ser contaminado pelo vírus antes de receber sua dose salvadora da vacina que o governo de São Paulo encomendou à chinesa Sinovac. Na microrregião de Januária, apenas 3,5% da população devem receber as duas doses do imunizante nessa primeira leva.
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De volta ao prefeito Maurício Almeida, sua performance fotogênica só mimetiza as cenas que se repetem no dia de hoje por todo o país. Governadores, deputados, prefeitos, vereadores, as ilustríssimas mulheres de vereadores, e quem mais vier (exceto o negacionista Jair Bolsonaro), estarão a postos para faturar com a vacinação de poucos - por enquanto.
MATÉRIA-PRIMA
O flagelo do coronavírus é responsável pela imolação de 210 mil brasileiros na contagem oficial, mas é de se estimar que três ou quatro vezes esse número tenha morrido, quando se considera o critério das mortes por complicações em razão da covid.
Há uma demanda quase ansiosa pela vacina que, infelizmente, será para poucos ao longo deste primeiro semestre. O noticiário nacional, contudo, informa nesta manhã que o Instituto Butantã, responsável pela produção e distribuição da vacina chinesa no país, pediu autorização à Anvisa para a liberação de outras 4,8 milhões de doses.
O noticiário dá conta ainda que pode faltar o Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), insumo fundamental para a produção da vacina de Coronavac no Brasil. O mesmo vale para o material fornecido pela Oxford, que é a vacina contratada pelo Ministério da Saúde, e que terá produção a cargo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Jandeiro.
POR QUE ME UFANO!