HOSPITAL SOB NOVA DIREÇÃO
Fundação mantenedora do único hospital de Manga troca de comando após receber aporte inédito de recursos no ano da pandemia
Acesso para a ala administrativa do hospital de Manga, que vai mudar de comando após eleição da sexta-feira
Não foi adiante a tentativa da futura oposição em Manga de manter sob seu controle a entidade mantenedora do único hospital da cidade. O colegiado formado por 15 pessoas responsáveis pela escolha da direção da Fundação Hospitalar de Amparo ao Homem do Campo optou por Henrique de Almeida Fraga Júnior como novo diretor-presidente da entidade.
A decisão barrou a tentativa de pessoas ligadas ao ainda prefeito, Quinquinhas de Quinca de Otílio, o Joaquim do Posto (PSD), de ter sob seu controle o único hospital do município. A unidade tem jurisdição em cinco cidades e público potencial de 60 mil pessoas para prestar atendimento.
O cargo de presidente da Fundação Hospitalar não é remunerado, mas ainda assim, aparece como objeto de disputa entre as forças políticas locais a cada mudança de mando no município.
Não é o melhor emprego do mundo. Muito pelo contrário: a Fundação é dona de uma dívida impagável e agora trafega sob o fio fino da gestão finalística da maior crise sanitária da história do município.
Henrique Fraga (Pros)chegou a ser cotado para disputar o cargo de presidente da Fundação Hospitalar há quatro anos, quando era aliado de Quinquinhas. Ele acabou sendo indicado para a Secretaria de Governo no atual mandato, mas rompeu com o ainda prefeito há quase dois e agora se alimou à oposição petista.
O controle do hospital interessa aos chefes da política local, porque serve para acomodar aliados sem cargo e ter o domínio sobre as necessidades da população na área de saúde.
A eleição para a presidência da Fundação Hospitalar aconteceu na sexta-feira (18), com vitória folgada da chapa ligada ao prefeito eleito, Anastácio Guedes (PT). Henrique Fraga venceu o pastor Valdemy Alencar Val pelo placar de nove votos a quatro.
Houve duas abstenções, uma delas foi a atual secretária de Saúde, Lucilene A direção da Fundação é composta por 11 cargos, distribuídos entre os conselhos Diretor e Fiscal da entidade.
COLEGIADO
Os quinze delegados com direito a voto na eleição para a direção da Fundação representam entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil, sindicatos dos Trabalhadores Rurais e Produtores Rurais, Loja Maçônica, Câmara dos Diretores Lojistas, igrejas Católica e Batista, além de outras entidades da sociedade civil local e da própria Fundação Hospitalar, que tem direito a um voto na eleição.
Henrique Fraga, um aliado de Quinquinhas há quatro anos, vai presidir a Fundação em governo petista
A Prefeitura de Manga tem a prerrogativa de indicar dois delegados à votação (os secretários de Saúde e Educação). Mesmo com essa vantagem no processo eleitoral, a atual administração tomou mais um chocolate nas disputas com o grupo político que sagrou-se vencedor nas eleições municipais de 15 de novembro.
A nova direção da Fundação é composta ainda pelo advogado Edilson Silva Pinto, o Saruga (vice-presidente), Bárbara Oliveira de França (diretora-administrativa), Milene Santos de Oliveira (secretária-geral), Maxmiliano Raniery Vieira (tesoureiro), além de Jercílio Vieira Lima (suplente de tesouraria) e Weber Rodrigues Marra (suplente da secretária-geral).
Foram eleitos para o Conselho Fiscal o advogado Jorge Fernando Freitas Wianey e os contadores Alessandro Alencar Torres e Rodrigo França Pinheiro.
MELHOR ASSIM
A vitória de pessoas ligadas à futura administração do município é considerada positiva, porque elimina eventuais conflitos entre o comando do Hospital e gestão do turno. Vereadores eleitos pela chapa derrotada na eleição municipal se empenharam para eleger a chapa comandada pelo pastor Waldemy, que tinha como mote de campanha o afastamento do Hospital da órbita da Prefeitura.
Como bem sabe o ainda prefeito Quinquinhas, isso é praticamente impossível. Não há nenhuma declaração dele em favor da chapa derrotada na última sexta-feira, mas ela era formada, em sua maioria, por pessoas muito próximas à enfermaria ideológica do atual prefeito.
O atual diretor-clínico da Fundação, o médico e bolsonarista Hemórgenes Canêdo – que deve deixar o cargo nos próximos dias -, impediu que seu colega de profissão e decano da classe médica em Manga, José Cecyvaldo Ribeiro, participasse da eleição. Cecyvaldo, um aliado de Quinquinahs, apareceu para votar, mas foi informado que a vez era do colega Hermógenes.
RECEITAS RECORDES
O site apurou que a futura gestão da Fundação Hospitalar de Amparo ao Homem do Campo vai olhar com lupa o balanço extraordinário da entidade na rubrica receitas. Nunca antes em sua história, o Hospital de Manga recebeu tantos recursos e de fontes tão variadas.
O Ano da Pandemia teve seu lado bom para o Hospital. O governo federal foi a maior dessas fontes de recursos. Em junho, a Fundação hospitalar recebeu R$ 1,43 milhão (portarias Ministério da Saúde 1.393 e 1.448.) do auxílio financeiro emergencial para o controle da pandemia da covid-19 e socorro às santas casas e hospitais filantrópicos sem fins lucrativos em todo o país.
A Prefeitura de Manga diz ter repassado cerca de R$ 500 mil por ano ao longo do atual mandato – valores que se somam à arrecadação ordinária da prestação de serviços que o hospital presta ao SUS e outros públicos. O valor corresponde a cerca de R$ 42 mil por mês, um quase nada ante as despesas correntes da Fundação.
Ao longo deste 2020, o Hospital de Manga recebeu ainda um cheque de R$ 143 mil da Câmara dos Vereadores. O dinheiro retornou para o município, com o compromisso pré-definido com os nove vereadores da Casa de destinação exclusiva ao hospital.
Além disso, os deputados federais Paulo Guedes (PT) e Lucas Gonzales (Novo) destinaram, no mês de maio, R$ 300 mil e R$ 120 mil, respectivamente, para o hospital, como parte de suas cotas de emenda parlamentar.
NADA A VER
Em um vídeo publicado no Facebook para registro da prestação de contas da Fundação, Quinquinhas diz que a atual presidente da Fundação, Paulo Roberto Nunes Lopes, fez “várias melhorias estruturais e compra de equipamentos” ao longo do ano, presumivelmente com os recursos que abundaram na coluna de receita da mantenedora do Hospital.
O ano bom na rubrica receita possibilitou ao ainda presidente Paulo Roberto ter sobra de caixa para quitar dívidas antigas do Hospital. Em outubro deste ano, ele sanou a folha de pagamento de novembro de 2017. Em nota, o presidente diz que "o pagamento foi efetuado com recursos oriúndos da própria Fundação Hospitalar, não tendo qualquer relação com os auxílios emergenciais da covid-19".
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