ANTES TARDE DEMAIS QUE NUNCA MAIS
Após Arlen frustrar inclusão do asfalto entre Manga e Itacarambi no plano viário do governo de Minas, Centrão corre atrás do prejuízo e tenta cavar verba no orçamento federal Soldadesca do Centrão mineiro ao lado do ministro Tarcísio Freitas: promessa de um asfalto que nunca sai. Sairá agora?
Como é do conhecimento dos meus antenados quatro leitores, o bloco de partidos que sustentam essa tragédia de incompetência e descalabros que atende pelo nome de governo Bolsonaro deu início à batalha final para derrubar o ministro Paulo Guedes (Economia).
O ex-Posto Ipiranga de Jair Bolsonaro, que chegou a Brasília arrotando bacaba, hoje fala fino diante de um Centrão cada vez mais à vontade em postos-chaves do governo. A briga da vez é se dá no apetite do novos sócios do poder pelas emendas parlamentares.
O ministro Guedes tomou uma rasteira das raposas velhas do Congresso Nacional e ameaça pela enésima vez deixar o governo. Bolsonaro, que só pensa na eleição de 2022, já sinalizou que o Posto Ipiranga deve ir, e que já vai tarde, muito tarde. A porta do Palácio é a serventia do inservível governo.
A parceria de Bolsonaro com o Centrão, sob os auspícios dos ministros Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), busca um calendário mínimo de obras para dar sequência à campanha permanente do presidente em busca da reeleição - cada vez mais improvável para um governo que derrete em meio a má gestão da pandemia e de todo o resto.
SAI DA FRENTE
Guedes, claro, é um obstáculo à empreitada, ao sugerir contenção de despesas e um mínimo de coerência fiscal no que resta da bagunça em que se transformou o governo. Os nomes o ministro da Economia são discutidos abertamente, sem o menor resquício de pudor ante um aliado tão importante no diálogo do bolsonarismo com o tal mercado.
O ministro enfrenta mais uma de muitas humilhações e a tudo suporta calado. Por quê? Porque foi para o governo para leiloar o país. Queria vender tudo, arrecadar um trilhão de reais apenas no primeiro ano da gestão, mas, até agora, nada entregou. A não ser uns trocados que valem pouco.
E aqui chegamos à BR-135 entre Manga e Itacarambi. Há alguns dias o senador Carlos Viana (PSD) espalhou vídeo via redes sociais para garantir que o asfalto da estrada federal no extremo norte-mineiro vai sair. Não diz quando - nem como -, mas é certo que conta com o arrebenta-geral no orçamento 2021 planejado pelo Centrão para cumprir a promessa. A campanha eleitoral, nunca é demais recordar, já começou.
Viana não será candidato em 2022, pois tem mandato garantido por mais cinco anos, mas precisa ajudar deputados aliados que estão por um fio - refiro-me aqueles que andam por aí feito zumbis, em meio a mandatos apagados. Arlen Santiado é um deles. O deputado federal Antônio Pinheiro Neto, o Pinherinho, é outro que se coloca como novo pai do asfalto.
No vídeo que rodou por aí, Viana fala bobagens típicas de quem não sabe bem onde fica o Norte de Minas nem conhece suas dores. O senador conta a lorota de que a estrada deixou de ser feita no Governo Itamar Franco (1999/2003), o que nem chega a ser uma meia verdade.
A COR DO GATO
A BR-135 foi estadualizada na gestão Itamar em Minas, com Fernando Henrique Cardoso na Presidência da República. A gestão Itamar não fez nenhum gesto para realizar a obra. Anos depois, já no governo Lula, a estrada voltou para o domínio da União, quando se iniciou o asfaltamento entre Cocos, na Bahia, e Manga (Minas Gerais).
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Noutro trecho do vídeo, Viana diz que os Xacriabás impediram a conclusão da estrada - o que também não procede. Os índios conseguiram barrar uma estrada estadual que liga Januária a Mivavânia, no outro lado da reserva. Houve um protestos de moradores de São João das Missões, sede da reserva, mas para pedir a estrada - não o seu contrário.
Problemas ambientais e a suposta existência de um cemitério da etnia indídena Xakriabás em São João das Missões embargaram a obra ali por volta de 2010. E nisso estamos até hoje. Agora, o Centrão promete atropelar o ministro Paulo Guedes e arrancar o dinheiro que não existe no orçamento federal para retomar o asfalto. Promete apenas, porque o ministro Guedes segue obstinado na tentatica de fechar o cofre.
Isso depois do deputado estadual Arlen Santiago (PTB), que comunga na mesma sacristia eleitoral do senador Carlos Viana, aprovar lei estadual em que o governador Romeu Zema (Novo) devolveu a BR-135 entre Manga e Itacarambi - mais uma vez - para a gestão da União.
Como disse certa vez o vice-presidente José Alencar (1931/2011), repetindo o líder chinês Deng Xiaoping, não importa a cor do gato, interessa que ele pegue o rato. Se o asfalto sair pelas mãos do Centrão, ainda será em tempo.
O povo do extremo-norte-mineiro espera esse asfalto há pelo menos cinco décadas e já não se importa quem é o pai da criança nas lorotas da vez. Mas é preciso sair. De promessas vazias e lorotas, o eleitor da região já anda bem aziado. Não serão promessas vagas de um senador que ninguém conhece que muda o jogo. Resultados, por favor, excelências.