CONTRATO COM O FRACASSO
Eleições já foram espaço para esperança e utopia, agora excluídas dos cenários para o pós distópico 2022
O Brasil em ano eleitoral não anda fácil nem mesmo para vendedores de esperança como o ex-presidente Lula. Líder nas pesquisas, ele vende promessas de retorno ‘ao país em que o pobre podia comer todo dia’, mas sua campanha tem sido arena de brigas internas.
Sem falar no noticiado gesto insano de enviar emissário - teria sido o ex-ministro NelsonJobim - para uma 'consulta' aos militares se Lula tomará posse caso eleito.
Não é demais lembrar que o PT jogou fora a utopia de muita gente e o passado também não o recomenda muito. Os efeitos da grande depressão de 2015/2016 e a guinada do país para a extrema direita ainda estão por aí a nos assombrar.
Na outra ponta, está Jair Bolsonaro, este sim um saudosista juramentado. O propósito de consumo do ex-capitão do Exército é engatar marcha-à-ré no país para uma idílica Atlântida comandada pelas forças armadas.
Olhar no passado, os candidatos que praticamente dominam a cena sucessória (juntos têm 70% dos votos declarados pelo eleitor) curiosamente não falem em futuro.
Não há nas pranchetas dos seus times de apoio (se é que Bolsonaro tenha um) nada sobre projetos para o futuro. Algo que possa retirar o país do atoleito em que ele está metido em todas as frentes.
TERRA ARRASADA
Bolsonaro atiça o imaginário do conservadorismo para um país-cidade, idealizado, claro, com cadeiras nas calçadas. Lá, nessa pársagada imaginária, a ordem e o progresso prestam devoção ao Deus dos corretores imobiliários do além.
Nessa pátria intangível, o Criador flutua acima de tudo, mas convenientemente silente sobre a pregação do ódio e preconceito que as hordas bolsonaristas espalham dia e noite. Nos intervalos, parte dessa base destroi o que restou da natureza exuberante que o Altíssimo nos legou como moradia temporária.
É com esse olhar no retrovisor que o país caminha para as eleições. Os dias melhores que o cenário pós-eleitoral oferece são aqueles lá de trás, uma quimera para um mundo que já não se adapta ao sapato apertado do antigo e ultrapassado.
Eventual vitória de Bolsonaro vai apressar nossa escalada rumo ao abismo, com a óbvia piora das conquistas das últimas décadas. No radar, crises econômicas recorrentes e falência das instituições democráticas.
O risco aqui é o isolamento ainda maior em relação ao mundo, em especial pela destruição acelereda das riquezas naturais do território e o agravamento da iminente crise da água - com promessas de a maior que a humanidade jamais enfrentou.
CONCERTAÇÃO